Site Cultural de Feijó

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Entrevista com Bel. Getúlio Monteiro, Delegado de Polícia que se despede do município de Feijó

"A situação em que o mesmo encontrou a segurança pública no município de Feijó, não foi das melhores, onde se tinha pessoas furadas todas os dias, principalmente nos finais de semanas a violência era muito grande, então tivemos que tomar algumas atitudes enérgicas, rígidas e radicais para controlar a violência".




Bel. Getúlio Monteiro, que ficou como delegado de polícia no município de Feijó durante 14 meses e o mesmo fez um breve relato, sobre as atividades policiais desenvolvida no município de Feijó, durante este período.
Segundo o delegado, "a situação em que o mesmo encontrou a segurança pública no município de Feijó, não foi das melhores, onde se tinha pessoas furadas todas os dias, principalmente nos finais de semanas a violência era muito grande, então tivemos que tomar algumas atitudes enérgicas, rígidas e radicais para controlar a violência. Chegamos e encontramos uma delegacia sem as mínimas condições de trabalho, sem infraestrura alguma. Não tínhamos carros, não tínhamos agentes e pessoal de apoio, encontramos muito trabalho, onde existia 420 inquéritos parados, inquéritos de 1999, 2000, 2001, ou seja existia inquéritos com dez anos parados, pois entravam e saiam delegados e não solucionavam tais problemas, e isto até é um dos motivos de geração de violência na cidade, porque a impunidade é o melhor alimento para a criminalidade e começamos a mexer nesses inquéritos por contra própria, pedindo ajuda dos comerciantes e da sociedade local. Com esta ajuda pintamos a delegacia brigamos junto ao governo para trazer viaturas, armamentos e adquirirmos certa infraestrutura, para termos melhores condições de trabalho.
E fechamos locais de festas impróprios, fechamos também várias oficinas de armas existentes na cidade. De início limitamos os horários de festas até 00:00h, realmente para ocasionar um impacto mostrando que a polícia estava atuante. Depois que controlamos a situação em ralação às festividades no município, aumentamos o horário das festas de 00:00h para as 02:00h. Mas para que isto acontecesse, exigimos aos donos de clubes e boates para que reformassem e ampliassem os estabelecimentos e tivessem durante as festas seguranças, dentre outras exigências feitas para melhorar a qualidade e o atendimento ao cidadão que frequentam esses ambientes, sendo assim o resultado, foi positivo. Um exemplo disso é quem conheceu o club Mangueiras, sabe-se que no seu passado era um club que acontecia mais ocorrências policiais, onde existia um maior índice de pessoas furadas por armas brancas no seu período festivo. Hoje não lembramos a data que aconteceu que um cidadão saísse furado daquele club, ou lesionado do mesmo, então outro club o drinks todo mundo sabe a história dele também, como era e como é hoje, portanto a população viu a diferença.
Já em relação aos inquéritos que encontramos na delegacia, que era uma base de 420, mais ou menos, queria eu não deixar nenhum que não fosse apurado, mais não tive tempo. Mas desses 420 que encontrei estou deixando na delegacia 170 inquéritos. Durante estes 14 meses que fiquei no município abri mais de 250 inquéritos, destes estou deixando apenas dez, porque as investigações continuam, portanto não deu para concluí-los. Dessa forma, conclui praticamente todos os inquéritos. Como resultado disso, tenho um bom exemplo, posso citar um homicídio ocorrido, em 2007, que estava parado na delegacia, iniciamos o inquérito e prendemos o culpado em janeiro deste ano, e em agosto deste mesmo ano de 2010, o mesmo culpado foi condenado há mais de anos de cadeia. E assim, demos continuidade aos nossos trabalhos nos inquéritos investigativos. Um outro homicídio ocorrido em 2000, há dez anos, que não tivemos tempo para concluí-lo, estou passando o mesmo para o novo delegado o Bel.Diogo Menezes, que já se encontra no município de Feijó. Este foi parte dos trabalhos desenvolvidos por nós no município, como delegado de polícia. Por meio de processos investigativos corremos atrás de criminosos e homicidas para que não ficassem impunes. Não podemos deixar impune nenhum tipo de crime, principalmente os mais hediondos, pois a sociedade cobra e quer respostas. Pois quando sentimento de insegurança toma conta da cidade, para controlar fica mais difícil. Graças a Deus, então Feijó está vivendo um novo momento na segurança. O novo delegado deve fazer um trabalho melhor do que o meu, porque o mesmo está pegando o município em uma outra situação e em outras circunstâncias, portanto é mesmo muito bom a vinda de um outro delegado para o município. Eu cheguei em um momento que precisava ser duro, rígido para controlar a situação, hoje a segurança no município está controlada, então um novo delegado sangue novo, pegando essa nova situação em que se encontra a segurança pública em Feijó, irá conseguir melhores resultados, porque o mesmo vai ter mais tempo para as investigações, o mesmo não vai encontrar tantos inquéritos antigos para serem investigados.
A nova delegacia ficará pronta em janeiro, onde o mesmo terá melhores condições de trabalho. Os policiais que são as pernas e os braços dessa delegacia, estão motivados, pois tem o reconhecimento da sociedade e quem tem todos o louros são os mesmos. Eu fui apenas um entre muitos, que foram responsáveis por essa mudança ocorrida na segurança pública no município de Feijó. Toda a equipe da polícia civil está de parabéns, e é uma equipe que eu falo que não irei encontrar em município algum, policiais iguais aos daqui. A polícia militar, também teve seu papel fundamental nessa mudança, quem viu a policia militar de antes e a de agora percebe a diferença, podemos perceber a movimentação de policiais ostensivamente atuando nos bairros da cidade. O promotor de justiça Dr. Bernardo, não é de aparecer muito, mas o mesmo foi fundamental para esta reviravolta na segurança pública em Feijó, o promotor deu e dá um suporte muito grande a polícia.
O novo delegado Diogo Menezes, fez um bom trabalho no município no qual estava até agora prestando seus serviços e o mesmo está vindo para o município e sabe que fizemos um bom trabalho, então ele sabe a obrigação dele e de manter esse trabalho, ele está ciente disso e eu tenho certeza que o mesmo irá fazer um bom trabalho perante a sociedade feijoense.
acrefeijo. Dr. Getúlio na questão de infraestrura tem-se condições de realizar um bom trabalho, a delegacia tem condições para isso?
Bel. Getúlio delegado de polícia. Tem, a população nunca irá me encontrar reclamando de infrestrutura, quem reclama de infraestrutura é quem é incompetente. Dizer que teve um homicídio e não resolveu, porque não tinha condições infraestrturais, isto é coisa de incompetente que justifica a falta de condição para realizar um bom trabalho. As condições de trabalho a gente faz, se não tem viatura policial, pega emprestado um carro particular, com as instituições públicas. Então você tem que criar alternativas. A delegacia que vai ficar pronta em janeiro, com as duas viaturas que se tem, com o armamento novo que chegou, com os coletes que chegaram e todos os equipamentos de trabalho novos, posso dizer que teremos melhores condições de trabalho que dificilmente encontraremos em outro município. Como exemplo, podemos citar a delegacia do município de Tarauacá, que já está funcionando, para mim é uma delegacia de primeiro mundo e a do município de Feijó não vai ficar atrás, vai ser igual ou melhor, onde condições de trabalho, não irão faltar. O que atrapalha as investigações no município de Feijó é o isolamento, então alguns recursos para vir de Rio Branco se tornam mais difíceis, precisando em alguma situação você pedir ajuda.
Eu cheguei, disse e sempre digo que segurança pública o dever é meu, mas a obrigação é de todos. A gente não pode ficar esperando que alguém lá de Rio Branco resolva nossos problemas aqui no município, quem tem que resolver é a gente aqui mesmo, todo mundo se ajudando e as pessoas de bem contribuindo com segurança, poderemos obter um resultado final que venha satisfazer todo mundo.
acrefeijo. Dr. Getúlio e o Caso Nilson do PT, com a prisão da vereadora Marleidy, influenciou na sua transferência do município de Feijó, para a capital Rio Branco?
Bel. Getúlio delegado de polícia: De forma alguma, foi boa a sua pergunta. O Acre, hoje não é o Acre de 10 a 15 anos atrás, que a politicagem e outros tipos de coisas interferiam na segurança pública, interferindo nos trabalhos dos delegados de promotor e de juizes, não. E o bom exemplo disso, muita gente comentou, que eu fui transferido, influenciado pela prisão da vereadora Marleidy. Mas, isto não é verídico e isto, não ocorreu. Fui transferido porque quis, apesar de amar Feijó, adorar Feijó, já me considerar um feijoense. Mas minha transferência do município de Feijó para a capital Rio Branco, foi por motivo familiar, pois minha mulher já se encontra morando em Rio Branco e para ficar mais perto dela. Como eu sempre digo, família tem que vir sempre em primeiro lugar. Agora falar que eu fui transferido devido à prisão da vereadora Marleidy, isso aí dá até vontade de rir, seu tivesse sido transferido por realizar meu trabalho e ter prendido a vereadora Marleidy eu era o primeiro a vir a público, falar e colocar meu cargo de delegado de polícia a disposição do governo. Mas, o bom exemplo para mostrar que eu não fui transferido por este motivo é que as pessoas envolvidas nesse caso foram pressas todas. Se neste caso tivesse ocorrido alguma interferência política, talvez ninguém tivesse sido preso, então o governo nessas prisões e nessas investigações maiores, o estado cobrava solução, nunca foi cobrado para paralisar nenhum inquérito, principalmente o inquérito do Nilson do PT, como ficou conhecido. Pelo contrário, esta investigação foi uma das quais que me deixou muito feliz em realiza-la, pois eu sempre fui cobrado para dar solução ao caso. O Acre mudou, o Acre de 10 a 15 anos atrás, não existe mais e eu acho que não volta. Com relação a segurança pública, o delegado é independente, o promotor é independente, o juiz é independente, não houve nada neste sentido que influenciasse em minha transferência.
acrefeijo: Bel. Getulio Monteiro e as questões relacionadas às drogas no município, como ficou?
Bel. Getúlio Monteiro, bom como é de conhecimento da população de Feijó, este ano o número de prisões no município pertinentes ao tráfico de drogas atingiu um número em torno de cinqüenta traficantes presos pela polícia. No mês de abril, foi desencadeada a operação divisor, que até a época tinha sido a maior operação realizada em conjunto com as polícias civil de Feijó, Rio Branco, Tarauacá e Cruzeiro do Sul, na qual 32 traficantes que vendiam e abasteciam as bocadas destes municípios foram presos. Depois desta operação percebeu-se uma nítida diferença no consumo de drogas destas cidades. Quanto à segurança, os problemas e os crimes que ocorriam na cidade diminuíram bastante, porque não havia drogas, mas como a luta contra o tráfico de droga é eterno, passado uns três a quatro meses da operação divisor, novas pessoas assumiram os postos dos traficantes presos, e tivemos que intensificar as nossas investigações. E no mês de agosto estrategicamente fizemos uma investigação para o festival do açaí onde prendemos três traficantes, e apreendemos quase dois quilos de drogas sendo que estes traficantes na época eram os maiores da cidade. Logo depois, tivemos novas apreensões de novos traficantes. A partir de então, todos os meses tem prisão de traficantes na cidade. Estava faltado à gente fechar com chave de ouro essa atuação sobre o tráfico de drogas no município de Feijó, que era a prisão de duas pessoas, que eram consideradas os maiores traficantes dessa cidade, neste ano. Sendo que os mesmos negociavam quilos e mais quilos de drogas por mês e forneciam as drogas para os pequenos traficantes, nas bocas de fumo dos bairros. Eles traziam essas drogas de Rio Branco, pois os dois traficantes, não são do município de Feijó, um é de Sena Madureira e o outro é de Rio Branco. Um é conhecido no submundo do tráfico por Nida e Rene. Hoje graças a Deus, depois de uma investigação longa, conseguimos a apreensão destes traficantes, e com os mesmos apreendemos mais de um quilo de Drogas, entre cocaína, maconha e uma moto CG Titan 150 ESD. Algo importante a dizer é que os traficantes mudaram o modo de agir e de atuar com a venda e a distribuição de drogas na cidade de Feijó. Se na cidade está cada dia mais fechado o cerco, isso se deve a intensificação das investigações e do bom trabalho desenvolvido pelas policias militar e civil. Como já foi dito, os traficantes estão mudando de rota e estratégias, buscando novas alternativas. Eles estão montado seus pontos de distribuição e de abastecimento das bocas na zona rural, sendo que desta vez eles estavam usando casas no projeto Envira, localizado na zona rural do município de Feijó, para armazenarem e negociarem as drogas.
Por meio destas policiais de combate ao tráfico, Então, os mesmos estão percebendo que vender drogas em Feijó esta difícil e que vende drogas tem uma possibilidade muito grande de ir presa".

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