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Técnica torna produtivo solo infértil em Cruzeiro do Sul

Solo passou a ter condições de produzir mandioca, milho, feijão e arroz. Técnica aplicada dispensa o uso do fogo, aragem, e limpeza da área.
Vanísia NeryDo G1 AC
Agricultor Acre (Foto: Vanísia Nery/G1)Sebastião Oliveira, agricultor que mora no local desde 1981 (Foto: Vanísia Nery/G1)
Em 2006 a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) iniciou uma experiência voltada para recuperação de terras na Comunidade Pentecostes, localizada em Cruzeiro do Sul(AC). A área encontrava-se infértil devido à utilização da terra de forma incorreta ao longo dos anos. Após a pesquisa, foi escolhido o plantio direto como tratamento de terra mais eficaz para a área. Com a aplicação do novo método, o local voltou a produzir e apresentar bons resultados.
A pesquisa foi realizada nas terras do agricultor Sebastião Oliveira do Nascimento, 47 anos, que mora no local desde 1981. De acordo com ele, nem mesmo a mandioca, uma planta de cultivo mais fácil, nascia no local. Ele conta que antes era necessário limpar toda área, queimar, arar a terra, para só então iniciar o plantio, e com o passar do tempo a terra foi perdendo a fertilidade, chegando a não produzir mais.
“Nós plantamos toda essa área aqui e chegamos a produzir apenas 33 sacas de farinha, então nós abandonamos. E após a pesquisa de recuperação de solo, a coisa começou a dar certo aqui. Primeiro foi plantado mandioca, e depois passamos para o milho e, vendo que dava certo o plantio direto, comecei a recuperar minhas áreas que estavam abandonadas”, contou o agricultor.
A Embrapa realizou quatro tipos diferentes de pesquisa e o plantio direto foi considerado o melhor para região. Marcelo André Klein, engenheiro agrônomo analista, explicou que o sistema de plantio direto prevê o mínimo de removimento do solo, sendo tirado apenas a terra da linha de semeadura. Além da aplicação da rotação de culturas, que é o plantio de diferentes plantas em cada ano, e a cobertura permanente do solo com palha ou alguma planta viva.
“Para instalação do processo plantio direto é necessário fazer calagem, aplicação de calcário para corrigir o PH do solo e fornecer os nutrientes cálcio e magnésio e tem que fazer a aplicação também no NPK, que é nitrogênio, fósforo e potássio. Esses nutrientes são os que a planta mais precisa”, explicou o engenheiro agrônomo ao abordar que a aragem de terras não é eficaz para plantação.
Ele explica que no método tradicional, antes utilizado, os produtores conseguiam colher bem no primeiro ano. No segundo, a produção diminuía e no terceiro quase sempre as terras eram abandonadas por se tornarem inférteis. Já no plantio direto, essa lógica se inverte, no primeiro ano o plantio é um pouco menor, mas a partir do segundo e terceiro ano o produtor passa a aumentar a produção.
A diminuição da mão de obra no trabalho é outro ponto positivo da técnica, o produtor precisava limpar várias vezes a mesma área de terra, e agora o capim que era inimigo acaba se tornando um aliado dos produtores, oferecendo mais nutrientes para o solo.
Terras inférteis voltam a produzir após pesquisa (Foto: Vanísia Nery/G1)Terras inférteis voltam a produzir após pesquisa (Foto: Vanísia Nery/G1)
“A palha do solo é uma aliada. A planta que antes era queimada ou incorporada na terra com a grade, ela permanece no solo e ajuda no processo de diminuição das campinas, ela protege o solo e vai se removendo liberando aos poucos os nutrientes”, enfatizou Klein.
A cultura escolhida para experiência foi o milho, uma das plantas que requerem um solo nutrido e recuperado. O solo da região da Comunidade Pentecostes é considerado um dos mais difíceis para plantio por ser arenoso. Com isso foi analisado que a técnica funciona em qualquer terra do município.
Outra diferença durante a pesquisa foi realizar o plantio do milho em um período diferente da época tradicional. Normalmente os produtores da região plantam em setembro e a colheita é realizada em janeiro e fevereiro, meses de chuva.  Já no experimento o plantio aconteceu no final do mês de março, e colheita deve ocorrer no fim de julho.
“O milho é uma das plantas mais exigentes em fertilidade e manejo de solo, e onde se consegue produzir milho, vai se produzir satisfatoriamente mandioca, feijão, arroz e outros. Outro motivo de escolhermos trabalhar essa cultura é sua versatilidade, ela tem diversas utilidades na agricultura familiar, ele pode vender o milho verde, milho seco, pode tratar ele para bovinos, suínos, aves, e tem diversos usos com ele como milho.
G1 

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