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No AC, professor desabafa sobre greve e diz: 'me sinto um covarde'

Linhares está em estágio probatório e teme notificação em relatório.
Segundo ele, faltou apoio de outras categorias em greve da Educação.

Do G1 AC
Professor Elioney Linhares desabafa sobre greve em seu Facebook (Foto: Reprodução/Facebook)Professor Elioney Linhares desabafa sobre greve em seu Facebook (Foto: Reprodução/Facebook)
O professor Elioney Linhares Araújo, de 25 anos, desabafou sobre seu retorno à escola mesmo com a continuação da greve da Educação, que já dura 57 dias no Acre. Ele desabafou sobre a notificação por escrito nos relatórios dos professores em estágio probatório, medida anunciadapelo governo no dia 7, junto com a divulgação do concurso para trabalhadores provisórios. No sua página no Facebook, ele desabafou e disse que sente "um covarde".
Ainda em estágio probatório pela Secretaria de Educação, Linhares diz que a pressão por causa do documento foi o que motivou o seu retorno para a sala de aula. "Temos que pagar as contas, nos alimentar e no meu caso específico ainda tenho meu pai que está doente e precisa de mim. Eu não poderia ficar sem meu salário. Fica o sentimento de tristeza, de coação, como uma rasteira de forma arbitrária", desabafou.
Linhares diz que o anúncio da Secretaria de Educação coagiu os professores que aderiram ao movimento grevista. Como educador, ele diz que o posicionamento do Estado causou indignação. Destaca ainda que a luta da categoria foi mostrada por todos os meios de comunicação do estado, mas acredito que faltou apoio na mobilização.
"Essa notificação em nosso relatório representa uma ameaça de permanência de seguridade no trabalho de algo que você conquistou, que foi aprovado em concurso público e que, após três anos de estágio, não permaneceria na vaga que sempre sonhou", salientou.
No Facebook, seu desabafo ganhou mais de 180 cutidas. Em um dos trechos, ele destaca. "Hoje me sinto um covarde. Covarde por não ter força física e psicológica de continuar. Sou um fraco. Um fraco que retornará às salas de aula coagido, amedrontado e principalmente desmotivado. Sempre fui preocupado com uma educação liberatória, transformadora. Hoje, apenas, me sinto na obrigação de ensinar. Volto porque tenho necessidades imediatas: de comer, pagar minhas contas em dias e dar continuidade em meus pequenos e miseráveis sonhos".
Além disso, ele destaca a insatisfação com o governo. "Quero deixar registrado minha inteira indignação e repúdio ao governador do estado do Acre e ao secretário de estado de Educação pelas medidas rasteiras e arbitrárias tomadas ante a greve da Educação no Acre ( tirar o salário dos servidores, anúncio de demissão em massa, além de todas as formas de intimidação ocorridas ao longo desse período, dentre outros). E dizer que os cargos de vocês tem uma curta duração viu. Aproveitem", finaliza.
Procurado pelo G1, o governo do estado informou, através da sua assessoria, que não vai se posicionar sobre o caso.
Entenda o caso
Desde o dia 17 de junho, professores e funcionários de escolas, vinculados ao Sinteac, decidiram entrar em greve no Acre. Os educadores ligados ao Sindicato dos Professores da Rede Pública de Ensino do Estado do Acre (SinproAcre) aderiram à paralisação no dia 19 do mesmo mês.

A categoria, como um todo, reivindica 25% de reajuste salarial, pagamento do Programa de Valorização Profissional (VDP) e do piso nacional para os outros servidores de escola. Além disso, quer um aumento de 20% sobre o piso e realização de concurso público para cargos efetivos.
No dia 27 de julho, o governo anunciou o corte no salários dos professores que estivesse aderido a greve. De acordo com Brandão, a medida foi tomada com base na lei, e motivada porque o movimento "radicalizou".
Logo em seguida, no dia 7 de agosto, sem a greve ter fim, o governo anunciou um concurso emergencial para substituir os professores em greve. O secretário de Educação disse que a medida era uma forma dos alunos não perderem o ano letivo.

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