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Promotora diz que dados de feminicídio no Acre são alarmantes

Acre é o 5º estado onde mais se mata mulheres, segundo Mapa da Violência.
'Mulheres negras morrem mais do que brancas', diz promotora.

Aline Nascimento e Quésia MeloDo G1 AC
Projeto oferece apoio para mulheres vítimas de violência em Londrina (Foto: Reprodução/RPCTV)Negras sofrem mais violência que mulheres
brancas (Foto: Reprodução/RPCTV)
O Acre é o 5º estado no Brasil onde mais se mata mulheres e Rio Branco a nona capital em número de 'feminicídios'. Os dados são do Mapa da Violência 2015, divulgado pela Flacso Brasil. O mapa leva em consideração os anos de 2003 a 2013.

Os números são considerados assustadores pela promotora de Justiça Dulce Helena, da Promotoria de Violência Doméstica e Familiar do Ministério Público do Acre (MP-AC).

"Isso é alarmante. O Acre não é o [estado] em que mais se mata, mas infelizmente também não é o que menos se mata mulheres. Ainda temos que melhorar muito. O que precisa é que hajam políticas públicas, estamos lutando para isso. O Acre é um estado pobre, mas esperamos que esse retrato da violência mude", destaca.

Dezesseis dias de ativismo
Na busca pela redução desses números, órgãos públicos que fazem parte da Rede de Atendimento à Mulher promovem uma campanha de combate à violência doméstica. São '16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher'. A campanha começou na última quarta-feira (18) e vai até o próximo dia 4 de dezembro.

Promotora Dulce Helena fala sobre índices de homicídios (Foto: Veriana Ribeiro/G1)
Promotora Dulce Helena diz que dados são
alarmentes e precisam ser mudados
(Foto: Veriana Ribeiro/G1)
A promotora explica que a campanha, que faz parte de uma iniciativa mundial, busca conscientizar a população sobre os diferentes tipos de agressões sofridas pelas mulheres. O objetivo também é propor medidas de prevenção e combate à violência ampliando os debates com a sociedade.

Entre as ações previstas para acontecer no estado está um mutirão de processos em parceria com o Ministério Público (MP-AC), para julgar crimes de violência familiar.

"Temos participado de ações que contribuem para o rompimento do ciclo de violência doméstica, considerando que isso é fruto do machismo e de preconceitos como o racismo. A promotoria, junto com a equipe multidisciplinar, conta com uma psicóloga e uma assistente social, temos feito reflexões, promovendo a construção da equidade entre os gêneros", explica.
'Mulheres negras sofrem mais', diz promotora
Ainda segundo a promotora, o número de denúncias de casos de violência contra a mulher cresceram desde 2006, ano em que foi sancionada a Lei Maria da Penha.

"Com isso as mulheres tomaram a consciência de que tinha uma lei que as protegia ficando mais conscientes e denunciando mais. Essa é a terceira lei mais conhecida do Brasil", destaca.
Além do machismo, a promotora destaca que o racismo está entre os principais fatores do feminicídio.

"Mulheres negras morrem mais do que brancas. Isso é gritante. As mulheres negras sofrem mais. Vários fatores levam a violência doméstica, ciúmes, álcool, drogas e dependência econômica", diz.

Ainda segundo ela, é na faixa etária de 15 aos 29 anos que estão a maior parte das vítimas homicídios violentos, segundo dados do Departamento de Informática do SUS (DataSUS) de 2013.
"Para as jovens negras a taxa de mortes é de 11,5 por 100 mil habitantes, enquanto para as jovens brancas é de 4,6. Os casos de homicídio de mulheres estão relacionados a causas e fatores de riscos diferentes dos homens. No caso deles, as mortes parecem estar mais relacionadas a gangues, envolvimento com drogas e conflitos interpessoais. As mulheres são vítimas de conflitos familiares e tem como algozes muitas vezes seus parceiros", disse.
Violência contra a mulher no Brasil
De acordo com a promotora, o Mapa da Violência 2015, divulgado pela Flacso Brasil, afirma que o número de homicídios de mulheres no pais passou de 3.937 para 4.762, um crescimento de 21%.

Ela explica que um em cada três desses crimes foram cometidos por atuais ou ex-companheiros das vítimas. A Paraíba é o estado onde menos se mata mulheres, com 1,9 mortes por 100 mil mulheres.
O Brasil tem uma taxa 4,8 mortes por 100 mil mulheres. É o 5º país onde mais se mata mulheres, atrás apenas de Rússia, Guatemala, Colômbia e El Salvador. O pais vizinho Argentina ocupa a 28º colocação e a Síria, país tomado pela guerra civil, está em 64º lugar.

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