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Sonhando com Barcelona, jovem do Acre tenta sucesso no futebol albânes

Wyllyan Messias, de 19 anos, é atacante do Permeti, da 2ª divisão albanesa. Dispensado pelo Rio Branco-AC em 2011, ele decidiu buscar o objetivo longe de casa

Por Rio Branco, ACNOVOS RUMOS
Wyllyan Messias, atacante acreano (Foto: Duaine Rodrigues)Wyllyan Messias está no futebol da Albânia desde o início deste ano (Foto: Duaine Rodrigues)
Para tentar realizar o sonho de um dia vestir a camisa azul-grená do Barcelona, o jovem atacante acreano Willyan Messias, de 19 anos, decidiu  deixar o Brasil em 2014 e buscar o sucesso no "escondido" e "inexpressivo" futebol da Albânia, país localizado no sudeste da Europa. Defendendo o Permeti, clube da cidade de Permet, que disputa a 2ª divisão nacional, ele espera ser visto para dar passos mais largos na carreira. De férias em Rio Branco, capital do Acre, o atleta conversou com oGloboEsporte.com e falou sobre as expectativas para o futuro da carreira.
- Lá (na Albânia) não tem muito futebol e se o jogador se destaca, vira rei. Sonho em chegar ao Barcelona. Tenho que trabalhar muito. Estou lá para ser visto e ter o passaporte europeu. O futebol é estruturado, certinho. No time tem quatros brasileiros, um da Bahia e outros de São Paulo - comenta.
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Wyllyan, que é chamado de Messias no clube, não teve uma primeira temporada das melhores. Além de encontrar dificuldade com a comunicação por não falar albanês, ele cita o frio como um dos fatores que o atrapalharam no primeiro ano, somado a uma lesão na parte posterior da coxa. Por causa do problema muscular, participou de apenas dois jogos durante o ano.
- A linguagem é difícil, mas tem gente que fala inglês e conversa com a gente. Tipo, o treinador fala em albanês e eles nos repassam em inglês. É bem frio. No inverno chega a nevar, mas já estou adaptado. Aqui (no Acre), estou passando um calor. Suando parado(risos). Já joguei com pouco neve e não é fácil, fica liso. E a recuperação da lesão também demora mais. Não podia forçar a volta para não ficar pior - afirma.
Wyllyan Messias, atacante acreano (Foto: Wyllyan Messias/Arquivo Pessoal)Wyllyan Messias deixou o Acre após ser dispensado pelo Rio Branco, em 2011 (Foto: Wyllyan Messias/Arquivo Pessoal)
O atacante começou a jogar bola ainda criança, aos cinco anos, defendendo a equipe de futsal da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), de Rio Branco. Fã do ex-atacante santista Robinho, ele optou por mudar de modalidade e passar para o futebol por causa ídolo, que atualmente defende o Guangzhou Evergrande, da China. No Acre, vestiu a camisa do Rio Branco, em 2011, e foi campeão estadual infantil. O título, entretanto, não serviu para que ele permanecesse no clube. Acabou dispensado pela então técnica Claudia Malheiros, sob a justificativa de que não teria estatura para atuar em categorias acima.
- Fomos campeões e quando voltei para me apresentar disseram que não tinha estatura para jogar. Aí, meu pai e eu fomos atrás de outros clubes. Ele me disse para não desistir, que iria me ajudar - recorda o atacante, que tem 1,68m de altura.
NOVOS RUMOS
Diego Jardel, meia do Botafogo, e Wyllyan Messias, quando defendiam o Imbituba-SC (Foto: Wyllyan Messias/Arquivo Pessoal)Diego Jardel, meia do Botafogo, e Wyllyan Messias, quando defendiam o Imbituba-SC (Foto: Wyllyan Messias/Arquivo Pessoal)
A dispensa do Rio Branco fez com que Wyllyan, apoiado pelos pais, buscasse novos ares longe do Acre. E, desde então, quatro anos decorreram. Nesse período, ele passou por Santos-SP e Imbituba-SC, onde estreou como profissional aos 16 anos e chegou a jogar com o meia Diego Jardel, campeão brasileiro da Série B deste ano com o Botafogo, e Tanabi-SP. Teve ainda uma rápida passagem pelo futebol grego antes de se firmar de vez no Permeti.
- Passei três meses na base do Santos. Fui para Santa Catarina, onde joguei dois anos no Imbituba, clube que estreei como profissional aos 16 anos, disputando a 2ª divisão do Catarinense. De lá, fui para São Paulo, defender o Tanabi na 4ª divisão do futebol paulista. Depois, segui para a Albânia, no início deste ano. Passei duas semanas treinando no Permeti e me levaram para a Grécia, para o Korinthos, da 2ª divisão. Por causa da questão do visto, fiquei apenas três meses na Grécia e , como não podia renovar, voltei para o Permeti.
Torcedor do Flamengo, Wyllyan diz que o salário que ganha no clube albanês lhe dá uma qualidade de vida possível para poder ajudar a família no Acre. Com o ensino médio concluído, ele pensa em cursar direito, mas somente após o fim da carreira no futebol. Sobre o futebol acreano, não pensa e retornar tão cedo e é sincero quando questionado sobre o que acha.
- Concluí o ensino médio, mas faculdade agora não dá tempo. Penso em cursa direito. Sou de Rio Branco, então tenho que torcer por ele. Mas não sei nem como está o clube. Não penso em jogar no Acre como profissional. Quem sabe quando estiver no fim da carreira - declara.
INVESTIR NO FUTURO
Wyllyan Messias e a mãe, Alcirene, no CT José de Melo, do Rio Branco-AC (Foto: Duaine Rodrigues)Atacante e a mãe, Alcirene, no CT José de Melo, do Rio Branco-AC (Foto: Duaine Rodrigues)
 Alcirene Bandeira da Rocha, mãe do atacante, que não via o filho desde o início do ano, lembra que sempre conversa ele sobre os objetivos da carreira. Segundo ela, o jovem saiu de casa sabendo o que queria e vai em busca desse objetivo. Alcirene ressalta ainda que o filho tem consciência da necessidade de investir no futuro, de preferência no estado natal, já que a carreira de jogador de futebol tem curto prazo.
- A gente fica na expectativa, pois é o que ele quer. Sempre na esperança de que pode dar certo, mas também consciente de que pode não dar. Se ele, durante a carreira, não investe, não tem a sabedoria de administrar, quando se aposentar, em três, quatro meses, está pobre. Graças a Deus, saiu daqui com  a mentalidade formada de qual é o alvo e o objetivo. Não bebe, não fuma, e converso com ele sobre isso. Se quer, tem que investir no futuro porque o futebol um dia acaba. Sempre digo que tem que honrar o lugar que nasceu, as pessoas que lhe deram a mão, não pode esquecer das origens. A Albânia foi a porta que se abriu, mas sabemos que lá não é a vitrine. Seria a Espanha, mas é algo para o futuro - conclui.
Wyllyan Messias fica no Acre até janeiro de 2016, quando deve retornar para a Albânia. A representação no Permeti está programada para o início do mês de fevereiro.

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