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Exemplar', diz professor de detento que cursa agronomia na Ufac

Professores e alunos dizem que Adriano Almeida tem mantido o foco.
Preso aproveita intervalos das aulas em Cruzeiro do Sul para fazer trabalhos.

Adelcimar CarvalhoDo G1 AC

Adriano Almeida cursa agronomia na Ufac em Cruzeiro do Sul  (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)Adriano Almeida cursa agronomia na Ufac, em Cruzeiro do Sul (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)
Após ser aprovado no Sisu para cursar agronomia na Universidade Federal do Acre (Ufac) e percorrer um longo caminho até conseguir a autorização para assistir as aulas, Adriano Almeida, de 23 anos, tem aproveitado a oportunidade que lhe foi dada pelo juiz de direito Hugo Torquato. Iniciando o segundo período do curso no campus Floresta, em Cruzeiro do Sul, ele diz que seu objetivo de dar continuidade ao ensino superior prevalece firme.
Condenado a nove anos de prisão, Almedia cumpria pena em regime fechado e foi beneficiado com uma decisão do juiz, que permitiu que ele assistisse as aulas sendo monitorado apenas pela tornozeleira. Ele perdeu algumas aulas no início do curso devido a assuntos burocráticos, mas o detento atualmente é considerado pelos colegas de aula, e também pelos professores, como um exemplo de perseverança para mudar de vida.
“Estou muito feliz. No começo foi um pouco difícil, pois já encontrei a turma no meio do caminho, mas já estou entrosado com todos e determinado a cumprir meu compromisso", revela.
Atualmente, o reeducando deixa o presídio Manoel Neri diariamente às 7h da manhã e só retorna ao presídio ás 18h30. Durante todo o dia ele fica no campus e diz aproveitar as horas de folga para frequentar a biblioteca e fazer os trabalhos de aula, já que o presídio não tem acesso à internet e telefone para manter contato com os colegas de turma.
"Tenho me virado o máximo que posso para corresponder à oportunidade que me foi dada. Quero dar um futuro melhor para minha mãe, esposa e filha", diz.
É um privilégio podermos contribuir com a ressocialização dele"
Hugo Mota, coordenador do curso de agronomia
O coordenador do curso de engenharia agronômica da Ufac, Hugo Mota Leite, acredita que essa é a melhor forma de ressocializar o preso, que demonstra que quer mudar de vida.
“O acadêmico Adriano tem um desempenho exemplar, sem nenhum problema. Ele tem demonstrado vontade de colaborar com a parte de mecânica que temos no curso. Acho que foi acertada a decisão do magistrado em conceder esse benefício a ele. É um privilégio podermos contribuir com a ressocialização”, destaca.
A colega de sala Ruth Souza diz que se sentiu receosa no início por ter um aluno na sala que cumpre pena no presídio, mas garante que o interesse de Almeida a fez repensar em seus preconceitos.
“Na primeira vez que o vi, percebi o interesse e vontade que ele tem de cursar agronomia. É um aluno muito dedicado, companheiro e atencioso com todos. Muitas vezes o vejo no horário de folga na biblioteca buscando conhecimento para acompanhar a turma. Percebo que ele está muito focado no que quer", pontua.
Detento aguarda resposta da Justiça para saber se poderá fazer curso de agronomia  (Foto: Taís Nascimento/G1)Detento aguarda resposta da Justiça para saber se poderá fazer curso de agronomia (Foto: Taís Nascimento/G1)
Entenda o caso
Adriano da Silva Almeida de 23 anos é presidiário do regime fechado no Presídio Manoel Neri da Silva em Cruzeiro do Sul e foi aprovado no Enem para cursar engenharia agronômica no Campus Floresta da Ufac, em Cruzeiro do Sul. Ele foi condenado a cumprir pena de nove anos por tráfico de drogas. O rapaz trabalhava como caminhoneiro e seu ajudante estaria carregando 15 quilos de drogas em seu caminhão.

O jovem se diz inocente da acusação e mesmo preso buscou nos estudos um futuro melhor para sua família, pois após ter sido preso ficou sabendo que a esposa estava grávida. Almeida busca na faculdade uma maneira de voltar ao convívio social de cabeça erguida e poder oferecer um futuro melhor para sua mãe, esposa e filha. 
Mesmo sendo preso do regime fechado, a Justiça concedeu ao preso o direito de cursar a faculdade sendo monitorado apenas pela tornozeleira eletrônica, pois o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen) afirmou não ter condições de disponibilizar pessoal para fazer a escolta do preso durante o período em que ele tinha que frequentar a universidade.
Adriano está ingressando no segundo período do curso de agronomia  (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)Adriano está ingressando no segundo período do curso de agronomia (Foto: Adelcimar Carvalho/G1)

 

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