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Maternidade em Rio Branco registra morte de três bebês em 24h

Sesacre diz que 2 mortes ocorreram a caminho da unidade; a 3ª é apurada.
Família de uma das pacientes acredita em negligência médica. 

Aline NascimentoDo G1 AC

Danuzia estava grávida de 9 meses e deu entrada na maternidade na manhã desta quinta (26) (Foto: Arquivo pessoal)Danuzia estava grávida de 9 meses e deu entrada
na maternidade na manhã desta quinta (26)
(Foto: Arquivo pessoal)
A Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, registrou as mortes de pelo menos três bebês em um espaço de 24 horas entre quarta (25) e esta quinta-feira (26). Em nota, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre),  diz que em dois desses casos, os bebês já chegaram mortos à unidade.


Segundo a unidade de Saúde, o primeiro caso seria de uma indígena da cidade de Santa Rosa do Purus, a 300 km de Rio Branco, que teria viajado 48h de barco e chegou a maternidade com o feto já morto.



Já o segundo caso também seria de uma mãe do interior do estado. A mulher, que saiu deCapixaba, a 72 km da capital acreana, teria sofrido um aborto ainda em sua cidade natal e foi encaminhada para a capital.

Acusação de negligência
A terceira morte é o da filha que a atendente Danuzia Silva de Souza, de 32 anos, esperava. Grávida de nove meses, ela teria chegado na manhã desta quinta na unidade com dores na barriga, foi avaliada e pediu para ter o retorno médico antecipado. A filha de Danuzia foi retirada morta quatro horas depois.

A família acredita que a morte foi causada por negligência médica. A Sesacre afirma que "vai apurar com todo rigor investigatório pela secretaria, inclusive com o apoio do Ministério Público Estadual e de outras instituições de controle. Tão logo os fatos sejam esclarecidos, serão apresentados a sociedade".
Uma das irmãs de Danuzia, a empresária Ytala Karleane, disse ao G1 que a família chegou a unidade de Saúde por volta das 5h30, antes mesmo do rompimento da bolsa. A paciente teria sido levada para sala de observação, onde o médico ouviu o batimentos da criança e marcou outra avaliação para quatro horas depois.
"Depois de um tempo fomos a recepção avisar que ela estava sentindo muita dor. Pedimos para que passassem ela na frente das demais, mas a moça do balcão disse que não podia porque o atendimento estava marcado apenas para às 9h. Minha irmã foi ao banheiro e quando retornou já tinham chamado ela. Eu avisei para a recepcionista e ela disse que passaria três mulheres na frente e disse que aguardássemos", lembra.
Ainda segundo a empresária, a irmã foi atendida dez minutos após o horário marcado, mas a criança já estava morta. Danuzia tem dois filhos, de 3 e 14 anos, e aguardava ansiosa pela chegada do terceiro.
"Quando o médico viu que não tinha batimentos mandou levá-la imediatamente para a sala de cirurgia. Ela teve a bebê de parto normal às 9h15. Quando ela chegou,  já estava dilatada 2 centímetros, sem a bolsa estourar. Se nesse momento tivessem induzido o parto, tinha ajudado minha sobrinha sobreviver", revolta-se.
Ytala afirma que a família pretende acionar a Justiça, mas que isso será discutido em outro momento, pois a irmã está muito abalada. "Ela não está em condições de conversar sobre isso agora. A gerente disse que vão abrir uma sindicância, o prontuário será liberado em 48h e podemos acompanhar o processo", diz.


26 mortes em quatro meses
O caso de Danuzia Souza aumenta o número de mortes de bebês na Maternidade Bárbara Heliodora. Dados do Sistema Assistência da Mulher e da Criança (SASMC) apontam que entre janeiro e abril desde ano pelo menos 26 bebês morreram na unidade.

O número é 42% menor que o registrado no mesmo período de 2015, quando 45 bebês morreram na unidade.
Em matéria publicada no dia 29 de abril, o diretor técnico do hospital, José Everton, afirmou que o caso do bebê de Cassia "não fugiu da realidade da maternidade". Questionado pelo G1 se há um índice de mortes em maternidades considerável "normal", o Ministério da Saúde disse, por meio de nota, que "utiliza uma classificação de evitabilidade de óbitos com o intuito de focalizar as ações naqueles que são mais facilmente evitáveis".
O órgão não respondeu ao questionamento, mas afirma "que os dados de óbitos de recém-nascidos são repassados pela Sesacre, por isso, se a unidade afirma que os números estão dentro da normalidade, este é o dado que o Ministério possui registrado em seu sistema".
Confira na íntegra a nota da Sesacre:

A Secretaria de Estado de Saúde, por meio da gerência da Maternidade Bárbara
Heliodora, vem a público esclarecer sobre supostos óbitos dentro da unidade de saúde.
Primeiramente, destacamos que não houve ocorrências na forma divulgada na
imprensa local e em redes sociais.

Dos casos em questão esclarecemos: dois bebês já deram entrada na unidade com

óbito fetal confirmado. Sendo uma criança de uma mãe indígena, que se deslocou de barco deSanta Rosa do Purus, um dos municípios mais distantes da capital.
O outro caso também veio do interior: a mãe se deslocou do município de Capixaba,
numa viagem de quase 80 quilômetros.

O terceiro caso será objeto de todo rigor investigatório pela Secretaria de Estado de

Saúde, inclusive com o apoio do Ministério Público Estadual e de outras instituições de
controle. Tão logo os fatos sejam esclarecidos, serão apresentados a sociedade.

Ao passo que nos solidarizamos com as famílias, lamentamos profundamente que

pessoas inescrupulosas tentem fazer da vida de inocentes bandeiras para atingir seus
objetivos.

O governo e os profissionais em Saúde, de forma alguma, compactuam com

negligências e mau atendimento a pacientes.

Temos o dever de reconhecer o esforço e a dedicação de profissionais que doam suas

vidas para salvar vidas.

Frisamos que nossas equipes atuam em defesa da vida, trabalhando com ética e

respeitando os princípios preconizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A sociedade clama por mais responsabilidade e menos politicagem. É hora de acabar

com política pequena.

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