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'Uso armas que tenho', diz mãe que usou bebê como barreira em protesto

Mulher deitou bebê em colchão para fechar entrada do Terminal Urbano.
A menina também está com pneumonia e fazendo tratamento, diz mãe.

Iryá RodriguesDo G1 AC

Bebê foi usada para impedir passagem no Terminal Urbano na terça-feira (24) (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)Bebê foi usada para impedir passagem no Terminal Urbano na terça-feira (24) (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
Uma cena chamou atenção na noite desta segunda-feira (23), durante o protesto no Terminal Urbano, no Centro de Rio Banco. A pequena Kevelly Sophia , de 1 ano e 10 meses, foi deitada em um colchão no meio da rua para impedir a entrada de ônibus no local.
A mãe, Maria Aparecida, de 22 anos, disse que o ato quis sensibilizar as autoridades para a situação das famílias que exigem casas populares que foram desocupadas durante a terceira fase da Operação Lares, que desarticulou um esquema de fraude no sorteio de casas populares.
"Era uma forma de protestar. Uso as armas que tenho porque não tenho para onde ir e preciso dar um lar para minha filha", explica.
Sem negociação, as famílias resolveram continuar o protesto em frente a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) onde permanecem acampadas nesta terça-feira (24) esperando ser atendidas pelos deputados estaduais.
Maria conta que morava no Beco do H e foi retirada pelo governo com a promessa de que receberia uma casa popular, mas há mais de um ano, ela conta que ainda não foi beneficiada.
"Eu vivo com R$ 35 por mês do Bolsa Família. Não tenho para onde ir e fui despejada do local onde eu morava porque eles não pagam o Aluguel Social. Não deram as casas porque o pessoal do governo estava vendendo tudo. Sempre fico na casa de conhecidos durante o dia e durmo de favor em uma casa no bairro Floresta", conta.
Questionada se não achou perigoso usar a filha como barreira em um protesto, ela revela ainda que a menina está em tratamento contra pneumonia e que temeu pela saúde da criança, mas acredita que foi por uma causa maior.
"Era uma forma de protestar, estamos lutando com tudo que temos. Fiquei com medo, agasalhei ela como garantia para que ela não sofresse nada. E, para garantir um lugar melhor para ela, preciso estar em todas as manifestações", diz.
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Maria Aparecida, de 22 anos, diz que não tem para onde e, por isso, leva a filha para os protestos  (Foto: Iryá Rodrigues/G1)Maria Aparecida, de 22 anos, diz que não tem para onde e, por isso, leva a filha para os protestos (Foto: Iryá Rodrigues/G1)
Operação Lares
A terceira fase da Operação Lares foi deflagrada em 12 de maio e cumpriu 74 ordens judiciais em conjuntos habitacionais em Rio Branco – 37 conduções coercitivas de pessoas beneficiadas em esquema de casas populares, bem como 37 medidas cautelares de afastamento do imóvel.

No final de abril, dois diretores da Secretaria de Habitação do Acre (Sehab) foram presos,além de uma empresária e uma ex-funcionária terceirizada do órgão. O ex-diretor social Marcos Huck, teve, segundo o advogado dele, Armyson Lee, um pedido de liberdade provisória acolhido pela 2ª Vara Criminal de Rio Branco no dia 9 de maio.
A operação identificou ainda a venda de 40 unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida. Os indiciados devem responder por falsidade documental, corrupção ativa e passiva, além do crime de organização criminosa.
No domingo (22), famílias que deveriam ser beneficiadas com as casas invadiram os imóveis que foram desocupados durante a operação. A ação da polícia gerou revolta e os moradores fecharam e chegaram a dormir no Terminal Urbano em Rio Branco na segunda-feira (23).

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